26.5.09

Lixão ameaça contaminação do solo e do Rio Uberaba

O movimento de caminhões é intenso durante todo o dia. Eles trazem latas com material tóxico derramando, lixos orgânicos e plásticos, que são despejados no aterro sanitário próximo ao Jardim Espírito Santo. Um local que deveria servir apenas para receber restos de materiais de construção, mas por falta de fiscalização, está provocando graves danos ambientais e problemas de saúde aos moradores dos bairros.

Os vários focos de fumaça mostram, que além da reação química do material despejado e das constantes queimadas provocadas para extrair cobre e outros metais dos pneus, que no local há algo errado. O operador de máquinas José de Melo Gonçalves trabalha há dois anos no aterro e confirma que existe lixo da cidade inteira sendo depositado, clandestinamente, no local. “A gente não vê porque o cara chega (com o caminhão) despeja o lixo e só depois que a gente empurra é que vê”; explica José de Melo referindo-se ao material depositado.

Além de comprometer o solo com os produtos químicos, o aterro já está saturado e a poucos metros do rio Uberaba, mesmo estando à jusante da captação. Realidade que demonstra a falta de planejamento da Prefeitura de Uberaba, que permite o funcionamento de um lixão próximo há uma fonte de água que não recebeu preparo do solo, para evitar a contaminação do lençol freático, como relata o presidente da Organização Não Governamental Geração Verde, Ricardo Urias de Souza.

São cerca de quinze famílias que sobrevivem do lixo depositado no lixão. O ajudante de mecânico Rogério Lucas de Oliveira é um dos catadores que freqüenta o aterro quase todos os dias. Morador do bairro próximo ao local, Rogério afirma que já tirou cerca de seiscentos a setecentos reais por semana, através da venda de reciclados e sucatas separadas. “O local já está saturado, eu ainda não entendo porque a Prefeitura não desativou o lixão”, relata o ajudante de mecânico. A equipe do Uberabajá observou também que os catadores não têm equipamentos de proteção, como máscaras, botas e luvas para manusear os dejetos. Além de conviverem com o intenso mau cheiro, os trabalhadores e moradores das proximidades estão constantemente expostos às reações desta fuligem química.


Segundo o secretário do Meio Ambiente, José Luis Barbieri, “a solução para o problema do aterro será remediada com algumas técnicas de revitalização, assim que a capacidade do aterro sanitário se encerrar”.

E que a Prefeitura tem projetos no futuro para isso. E enquanto não for constatada esta saturação, os moradores e o meio ambiente continuarão a sofrer com os danos já irreversíveis apresentados no local, uma vez que a rocha basáltica é fragmentada, possibilitando a passagem e aprofundamento dos detritos.

Texto: Michelle Parron
Edição: Ellen Gomes
Imagens: Bárbara Guilherme

Um comentário:

Anônimo disse...

aonde esta a FEMAM ou uma SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE, me admira muito MG um estado com tantos conhecedores de legislação, alem de inumeras ciencias chegar a esse patamar de negligência.
Esperava mais do ESTADO MG.