Como um jeito de quem vai ao buteco da esquina conversar com amigos, ele chegou num alto astral que contrastava com a seriedade do cenário todo preto, preparado especialmente para recebê-lo. Deixou a bolsa pendurada no encosto da poltrona e, na mesa ao lado, o indispensável charuto que denuncia o vício.
Como bom prosador, o jornalista Fernando Morais tratou logo de conquistar a platéia, contando suas histórias e afinidades com Araxá. E ganhou confiança.
O motivo da visita a terra de Dona Beja é para falar sobre a nova cria O Mago, a polêmica biografia do maior vendedor de livros do planeta, Paulo Coelho.
Jornalista experiente, daqueles que conseguem ver o que está por baixo da pele do sujeito, Fernando ficou instigado em descobrir o que havia além do escritor de sucesso, e entrou no porão da vida de Paulo Coelho; e deixou o mago nú nas 632 páginas do livro.
Surpreso, fato incomum à alguém com quase cinqüenta anos de profissão, o jornalista encontrou um baú cheio de mistérios e descobriu um homem com passado de conflitos, tragédias e sofrimentos. Uma vida pontuada de dramas.
Depois de quatro anos vivendo de Paulo Coelho todos os dias, Fernando libertou O Mago, que emergiu de seu livro um ser humano de integridade singular.
Tão surpreendente quanto a sua vida no anonimato é o sucesso mundial visto de perto pelo biógrafo. “Paulo é querido da Patagônia a Austrália, mas é desprezado por seu próprio país. Gente, pelo amor de Deus, o Brasil é um país de analfabetos, pobres e com tanta tragédia. Devia ser uma alegria para as pessoas saber que quem mais vende livros no mundo é um brasileiro.”
Durante toda a produção da obra, o jornalista teve a liberdade de escrever sem que Paulo lesse ou censurasse qualquer lauda. O resultado deve ter agradado o famoso escritor, mas rendeu a Fernando Morais uma crítica: “se você Fernando, fosse menos materialista, talvez entendesse mais coisas em mim”. Paulo acha que o ceticismo do biógrafo o impediu de encontrar as respostas para certas coisas. Mas Fernando contesta; dizendo que a biografia de Paulo tinha que ser feita por um cético como ele, que teve coragem de fazer perguntas que um crente não faria. Depois de O Mago, Fernando ainda fez um passeio narrativo por Cuba, Venezuela e até na internet. Uma hora e meia de papo e já de charuto aceso, despediu-se do público e foi atender aos mais afoitos por uma dedicatória do gênio em sua obra.
Texto, fotos e vídeo: Michelle Parron
3 comentários:
Michelle,
o blog tá "de uma chiqueza" que "só lendo"...de roupa nova, com "acessórios" mais sóbrios. Será que a foca está dando passagem para a repórter madura e observadora?
O artigo sobre Fernando Morais, me parece um divisor de águas. Quais serão as futuras surpresas?
Vida longa, querida "Filhota", que os orixás sejam sempre presentes durante toda a sua carreira, e que a sensibilidade, o humanismo, a solidariedade e o compromisso com um mundo melhor sejam guias para o seu caminhar, longo caminhar, com muitas histórias para serem contadas.
Beijo grande.
Tobias///
Imaginação Problemática que te dá dicas sobre as coisas...
bom comeco
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