20.3.08

O galinheiro invadiu a garagem

Imagine num mesmo palco a viola de Tião Carreiro e a guitarra dos Ramones? Antes de pensar que você presenciaria uma grande tragédia, conheça os curitibanos da banda Charme Chulo e ouça o que eles aprontaram...
Definida por alguns críticos como mistura de rock inglês oitentista com música caipira raiz, Charme Chulo compõe o cenário musical independente de Curitiba.
A banda, que esteve no último dia 2 de Setembro para um show em Uberaba, concedeu entrevista para que pudéssemos entender o motivo de misturar duas coisas tão antagônicas do universo musical, como Sertanejo e Rock'n Roll.

Como surgiu a idéia de misturar o rock oitentista com a música sertaneja raiz?
Charme Chulo:
Antes de criar a Charme Chulo eu e o Igor tínhamos uma banda de garagem. Foi aí que resolvemos buscar uma identidade e percebemos que a música caipira sempre nos rodeou e como tínhamos um preconceito natural, devido ao sertanejo “brega”, demoramos um pouco para ver que a raiz disso tudo é muito legal. Assim como em Minas, o Paraná também tem uma veia caipira muito forte.

Quais os sons que influenciam a Charme Chulo no Rock e no Sertanejo?
Ouvimos várias bandas, principalmente na área do rock, no sertanejo atual aproveitamos pouca coisa. O que costuma rolar durante as viagens da banda são os sons de Ramones, The Clash, Buzzcocks, The Pogues, The Smiths, R.E.M, The Thrills, The Killers, Tião Carreiro, Bob Dylan, Almir Sater , Johnny Cash, Leandro & Leonardo e vários outros.

Os músicos contemporâneos têm uma certa tendência de promover a fusão dos mais variados ritmos. Como vocês vêem isso?
Eu acho que a tendência em misturar ritmos diferentes não deixa de ser algo recente, pois se pararmos pra pensar os Beatles já faziam isso com a música indiana. É como uma técnica. No nosso caso foi a busca por uma identidade, afinal o rock veio de uma fusão entre country e blues. Nessas fusões posso citar a Nação Zumbi com o maracatu e os Los Hermanos com o Samba. Acho que criar hoje pode ser sinônimo de reinventar.




Mesmo sabendo que boa parte dos jovens que gostam de rock, são avessos a música sertaneja, como vocês explicam o interesse desse público pela som que vocês fazem?
Quando as pessoas escutam falar de charme chulo devem imaginar algo muito exótico, mas na verdade só tentamos incorporar o clima caipira ao rock, inclusive gostamos de música pop, no bom sentindo, não gostaríamos de soar uma banda experimental . Eu espero que o público jovem se identifique com as letras e com o jeito charme chulo de ver o mundo, vejo muitas bandas que distorcem a guitarra pra fazer letras banais sobre pé na bunda, seria essa uma inquietação juvenil?

Curitiba tem um movimento intenso de bandas independentes. Como vocês avaliam o cenário independente em Minas Gerais?
É bem difícil avaliar o cenário musical de outro Estado, conhe-cemos algumas bandas independen-tes mineiras como Monno, Impar, Acidogroove, Mordeorabo e Porcas Borboletas, todas muito boas, a impressão que temos é de que o mineiro é muito espontâneo pra compor , não fica colocando estética acima do som.

Se fosse para a Charme Chulo escolher um representante da música caipira, para uma parceria musical, quem seria?
Tem muita gente boa por ai, poderia citar alguns, mas acho que seria legal uma parceria com a Inezita barroso , usamos uma voz de mulher em Piada Cruel e ficou muito legal, sem contar que a Inezita passa uma energia muito forte.

Conheça mais: www.charmechulo.com.br

*** Entrevista publicada na 2ªEd. do fanzine INSPIRE

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