No verão, o litoral brasileiro é invadido por turistas de várias partes do país e do mundo. O resultado são praias super lotadas e cidades sem infra-estrutura para suportar duas, três, quatro vezes o número de moradores habitual. E quanto mais gente reunida, maior é a produção de esgoto doméstico despejado na água e, conseqüentemente, jogado no mar sem que esteja com o tratamento adequado.
Algumas regiões litorâneas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina sofrem mais com a presença dos turistas. O verão nesses lugares pode custar mais caro do que se imagina, pois são muitos pontos em que ocorre a contaminação da água em razão do lixo e esgoto doméstico lançado ao mar.

Balneário Camboriú: esgoto lançado ao mar sem tratamento adequado
A água contaminada além de maltratar a vida marinha, afeta a atividade pesqueira e provoca doenças de pele, verminoses, gastroenterite( que ataca o estômago e o intestino delgado) e até doenças mais graves como hepatite, cólera e febre tifóide. O diagnóstico da água contaminada é feito através da contagem da bactéria Escherichia colia presente nas fezes.
Em Balneário Camboriú, litoral norte de Santa Catarina, a situação das águas é alarmante. O volume de lixo nas praias aumenta proporcionalmente ao número de turistas que lotam suas areias e calçadas. Por lá a cachorrada marca presença na Avenida Atlântida, beira mar da praia central, transformando-a em um grande canil, o que põe em um risco à saúde humana. Além disso, os turistas consomem milhos, latas de cerveja e refrigerante, cocos, embalagens de comida, etc, e julgam ser a areia um grande deposito de lixo. Talvez pensem que as lixeiras são apenas decorações de fim de ano.
Se já não bastasse tantos maus hábitos dos turistas, a prefeitura de Camboriú não fica atrás. O tratamento destinado ao esgoto é precário para suportar o aumento de pessoas na cidade durante o verão. E sem um tratamento adequado, o esgoto é despejado a beira mar, poucos metros de onde se banham vários turistas.
A prova real do alto índice de poluição aconteceu na manhã do último dia 6 de Janeiro com a morte de muitos peixes que apareceram na areia praia central, a mais freqüentada de Balneário. Mas parece que os turistas não se assustaram com a cena pela poluição já ter se tornar banal aos seus olhos.

A estranha indiferença dos turistas
Para alertar aqueles que ainda se preocupam com a saúde da natureza e com a própria saúde, existem fundações responsáveis pelo monitoramento da água. No litoral catarinense existe a FATMA (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina) que é responsável pela pesquisa de Balneabilidade desde 1976. Nessas pesquisas são coletadas amostras da água do mar em mais de 180 pontos dos 500 quilômetros da costa, avaliando se são próprias ou impróprias para o banho. Após chegar ao resultado, a FATMA divulga boletins às prefeituras e veículos de comunicação, como também fixa informações nos painéis espalhados por diversos pontos de circulação turística.
Em 1º de fevereiro foi lançado mais um relatório da FATMA afirmando que já são 61 pontos impróprios para banho em todo litoral catarinense. E desses 61 pontos, que incluem as praias de Balneário Camboriú, 18 estão na Grande Florianópolis. Ao todo foram analisados 182 pontos em 500 quilômetros de costa.
No Rio de Janeiro o monitoramento da água é feito pela FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) e em São Paulo pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Essas fundações que monitoram a água desempenham um papel importante de alertar a respeito da urgência em preservar a natureza e a saúde da população. Os turistas, antes de saírem por aí largando lixos por onde passam, devem lembrar que as praias brasileiras também são deles, e que se ainda querem continuar a ter lugares belíssimos e de graça para aproveitarem o verão, têm a obrigação de preservá-las. E os governos estaduais precisam investir em saneamento básico para evitar o aumento da poluição na costa brasileira. Aproveitar as maravilhas que a natureza oferece de graça é muito bom, mas apenas retirar os benefícios sem zelar pela sua sobrevivência é se despedir de uma parte dela todo verão.
Conheça mais:
FATMA – Santa Catarina
www.fatma.sc.gov.br
FEEMA – Rio de Janeiro
http://www.feema.rj.gov.br/
Cetesb – São Paulo
http://www.cetesb.sp.gov.br/
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