1.5.10

O mercado da arte e a dança



“Essa é uma roda deliciosamente diversificada”. A frase do coreógrafo Rui Moreira serviu para descrever a reunião de renomados bailarinos, coreógrafos, alunos e professores de dança na mesa redonda “Panoramas da Dança”, realizada na cidade de Uberaba, Minas Gerais, no dia 24 de abril, na qual reuniu pessoas de todas as idades.

Vários pontos que envolvem o universo da dança foram colocados em discussão, como a questão de fazer com que o público descubra que assim como nas outras artes, a dança também é capaz de transmitir emoção, aventura, suspense, comédia e tantas outras sensações já conhecidas e vividas pelo cinema, por exemplo.

A modalidade artística também foi comparada à música. Diferente de um show, a dança tem a necessidade de ter um público atento ao palco. “A música permite uma interatividade que a dança não permite”, afirma a bailarina Bete Arenque, que completa dizendo que enquanto a banda está tocando, o público pode interagir com outras atividades ao mesmo tempo, como conversar e beber.

Bete Arenque acredita que a música encontra mais facilidade de aceitação do púlbico do que a dança

Falta união

A diversidade de estilos como, por exemplo, dança de rua, de salão, balé clássico e Jazz, abrem um leque também para o preconceito dentro da própria classe. Para a bailarina Caroline Mello, o problema vem da falta de união dos artistas, que muitas vezes não respeitam o trabalho do colega. Para que a dança ganhe força no mercado cultural, segundo a bailarina, é necessário que a classe passe a se unir e quebrar os preconceitos que existem entre os estilos de dança.

A aluna Carolina Mello acha que falta mais união na classe


A arte e o público

O principal desafio da mesa redonda foi descobrir como aproximar o público a dança, já que no dia anterior ao encontro, por exemplo, a companhia SeraQ?, de Belo Horizonte, se apresentou no Teatro SesiMinas de Uberaba e estiveram presentes pouco mais de vinte pessoas, num espaço com lotação máxima para cerca de quinhentas. “Será que o problema está na divulgação?”, questiona Rui Moreira, coreógrafo da companhia.

Coreógrafo Rui Moreira da companhia SeraQ?

Experiente no uso da tecnologia gratuita de divulgação, que é a internet, Letícia Rezende, coordenadora do Coletivo Megalozebu, ponto Fora do Eixo em Uberaba, trouxe para a roda as ferramentas virtuais utilizadas pelo coletivo na promoção de eventos, para contribuir na busca de soluções para o problema da falta de público que acontece nos espetáculos de dança.

Talvez seja necessário também desmistificar a dança. “Uma pessoa pra ir ver dança, pergunta e quer saber muito bem o que ela vai encontrar lá”, afirma Bete Arenque. Mas será necessário explicar ao público como é a dança ou seria melhor ele ver o espetáculo e construir sua idéia com base na observação?

Com tanta discussão, vários pontos de interrogação ainda pairam no ar sobre a expansão do mercado da dança. E na sua cidade, será que essa arte também passa pelas mesmas dificuldades?

Texto: Michelle Parron
Fotos: Michelle Parron

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