26.6.09

Professores acreditam que queda do diploma pode significar oportunidades para o profissional de Jornalismo

O dia dezessete de junho foi marcado pela decisão de oito votos a um no Supremo Tribunal Federal, que aboliu a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para exercer a profissão. Diante disso, alunos e professores de Jornalismo da Universidade de Uberaba se reuniram na segunda-feira (22/06/09), dentro do Campus da universidade para debater o assunto.

O encontro, que foi organizado pelos professores do curso, serviu para proporcionar esclarecimentos sobre o que muda com a decisão do STF para os futuros profissionais que ainda estão nos bancos da academia.

Segundo a professora Celí Camargo, “a não obrigatoriedade do diploma não quer dizer que a profissão acabou e também não dá passe livre para que qualquer cidadão seja jornalista. Mesmo que não passe pela formação acadêmica, para ser jornalista é preciso retirar o registro profissional, mediante a comprovação da experiência profissional em carteira.”

Questionando os alunos que participavam do ato, Celi perguntou quantos ali se sentiam preparados para entrar no mercado de trabalho e ninguém levantou a mão.

Olhando por outro ângulo, o professor André Azevedo da Fonseca acredita que esse momento de crise é uma boa oportunidade para transformar as coisas que não funcionam. “O treinamento que vocês vão ter em qualquer faculdade (de Jornalismo) no Brasil vai ter que ser diferenciado, ou de fato os cursos vão todos fechar”; afirma o professor.

Sobre a importância de cursar a graduação de Jornalismo, André acredita que a universidade é o melhor local para reflexões sobre qual é o verdadeiro papel do jornalismo, que atualmente enfrenta uma crise mundial, mas que ainda não ganhou grandes proporções no Brasil. “È aqui que a gente vai experimentar propostas para descobrir qual o jornalismo que a gente vai inventar para que o mercado não dite o que nós devemos fazer, pelo contrário, pois somos nós que devemos dizer como o mercado vai ser”; acrescenta André.



Um dos poucos professores que atuam no mercado de trabalho, Indiara Ferreira, acredita que essa nova realidade que os estudantes de Jornalismo irão enfrentar cabe a busca por um diferencial competitivo. É neste momento que o diploma fará parte desse diferencial. “O diploma, para nós que passamos esses tempos na faculdade, significa muito mais do que um credenciamento. Ele significa bagagem de vida”; relata.

Aproveitando a oportunidade da discussão a respeito da relevância do diploma, a professora Cíntia Cunha resolveu dar o exemplo do aluno Tobias Ferraz, de 45 anos, que acaba de concluir o curso de Jornalismo, mas que antes de entrar na faculdade já havia somado mais de vinte anos de profissão. Tobias sentia que falta algo, por isso resolveu cursar a graduação. E agora, após apresentar o seu trabalho de conclusão de curso naquele mesmo dia, descobriu que o que lhe faltava era uma bagagem teórica para entender melhor o jornalismo e a sua construção.



Além de Celi Camargo, André Azevedo da Fonseca, Indiara Ferreira e Cíntia Cunha, estiveram presentes o professor Anderson Andreozi e o jornalista Chico Marcos. Todos acreditam que a não obrigatoriedade do diploma não vai prejudicar os alunos que pretendem ou que estão cursando a graduação em jornalismo.

Texto: Michelle Parron
Fotos: Michelle Parron

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